Por que tenho queda capilar após COVID?
Eflúvio Capilar Pós-COVID: Compreendendo a Queda de Cabelo Associada ao SARS-CoV-2
O cabelo é um reflexo visível do estado geral de nossa saúde, incluindo doenças virais, como a infecção pelo SARS-CoV-2, além de condições autoimunes e outros distúrbios. Durante episódios de doenças virais, o corpo prioriza o combate à infecção, desviando nutrientes essenciais, como vitaminas e minerais, do cabelo para os sistemas vitais. Isso pode resultar em alterações significativas na saúde capilar.
No caso específico do eflúvio pós-COVID, observa-se uma diferença marcante em relação aos eflúvios associados a outros tipos de estresse ou distúrbios. O eflúvio pós-COVID é caracterizado por uma queda de cabelo precoce, frequentemente ocorrendo menos de um mês após o início da infecção, enquanto outros eflúvios tendem a se manifestar cerca de 3 a 4 meses após o evento desencadeante.
Um estudo importante publicado em junho de 2022 por pesquisadores brasileiros investigou a relação entre o SARS-CoV-2 e a queda de cabelo. A pesquisa identificou, através de biópsia, a presença do vírus SARS-CoV-2 nos folículos pilosos em fase anágena (fase de crescimento). O estudo envolveu uma paciente de 25 anos que sofreu uma queda intensa de cabelo após a infecção pelo vírus. A biópsia revelou que os folículos capilares estavam na fase anágena e não apresentavam sinais de inflamação ao redor do folículo. O teste de tração positivo confirmou a presença dos fios em fase anágena, levantando a hipótese de que o vírus pode impactar diretamente a fisiologia das células do folículo piloso, provocando uma queda precoce dos fios. (Mazeto et al., 2022)
Em resumo, no eflúvio pós-COVID, observa-se um desprendimento de fios que ainda estão na fase anágena, resultando em uma forma de eflúvio chamada anágena distrófica. Em contraste, nos eflúvios causados por outros fatores, os fios em fase anágena entram prematuramente em uma fase de repouso (fase telógena), com a queda ocorrendo meses depois. Os indícios do estudo sugerem que o SARS-CoV-2 pode interromper o ciclo capilar de forma precoce, levando a uma queda de cabelo mais imediata.
Fonte: Mazeto, I. F. S. et al. (2022). “Ultrastructural evidence for anagen hair follicle infection with SARS-CoV-2 in early-onset COVID-19 effluvium.” Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology: JEADV, vol. 36, no. 11.
Adriana Maia
Engenheira Química – Pós-graduada em Tricologia Cosmética